Colapso no abastecimento hídrico atinge cidades do CE
Municípios de médio porte deverão sentir os efeitos mais graves, caso o inverno de 2013 seja abaixo do normal
Fortaleza.
Colapso hídrico já castiga as sedes dos municípios Irauçuba, Itapajé,
Milhã, Pacoti, Quiterianópolis e Salitre e mais os distritos de Cruzeta
(em Pedra Branca) e Sucesso (em Tamboril). Com isso, até mesmo o
funcionamento de serviços essenciais públicos está comprometido pois não
há nenhuma outra fonte de abastecimento para essas localidades.
A
falta d´água generalizada é uma consequência da seca e das baixas
recargas dos reservatórios nas proximidades dos municípios nos anos de
2010 e 2012. Além dos açudes, também estão secos os poços profundos e
cacimbas, excluindo assim todas as alternativas de fornecimento.
O
assistente da diretoria de Operações da Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh), Gianni Lima, informou que esse quadro
decorre dos efeitos da mais grave seca que atingiu o Estado nos últimos
30 anos.
"A seca é a principal causa do desabastecimento da baixa
reserva hídrica. Também pode-se somar eventuais obras estruturantes que
ainda não foram concluídas", disse Gianni.
O quadro de
sofrimento que atinge o interior poderá ser ainda mais drástico. Caso
não haja chuvas consideráveis nos meses de dezembro e janeiro, outras
cidades que poderão reconhecer o colapso parcial ou total são Beberibe,
Fortim, Itatira, Pacujá e Palmácia.
Já para o próximo ano,
situação parecida poderá acontecer em municípios de médio porte, caso
haja uma quadra chuvosa abaixo da média histórica. Isso atingiria,
dentre outras, as cidades de Tauá, Crateús e Quixelô. Também poderá
envolver a localidade de Acopiara, caso não sejam concluídas a tempo as
obras da adutora que trará as águas do açude Trussu, em Iguatu.
Para
Gianni, a seca tende a agravar os seus efeitos, uma vez que algumas
cidades também poderão sofrer radicalmente com a falta d´água, tendo
como condição as chuvas que possam cair nos próximos dois meses, o que
não é provável.
"Mesmo o Ceará contando com poços e grandes
açudes que não haviam no passado, a seca é forte neste ano, uma vez que
poços e reservatórios estão secos e atingiu, principalmente, comunidades
isoladas", disse.
Agravamento
O primeiro
momento da Operação Carro-Pipa foi atender as comunidades rurais, o que
vem sendo feito pelo Exército, através da 10ª Região Militar. No
entanto, a crise foi-se agravando e hoje atinge as sedes, o que obrigou
uma intervenção do Corpo de Bombeiros Militar.
O serviço vem
sendo coordenado pela Defesa Civil do Estado, por meio da empresa
Constran, vencedora de contrato por meio de licitação, com atuação já em
78 sedes.
Mesmo assim, algumas cidades ainda se ressentem da
falta d´água por carro-pipa. Osvaldo Frutado, da Constran, disse que o
serviço não atende a demanda também porque há dificuldades
estruturantes, o que impede a mobilidade dos veículos. Ele lembrou que
há casos de comunidades que não contam sequer com tambores para o
armazenamento. "Minha vontade é distribuir todo o produto, mas não tem
sido possível", afirmou.
Há também queixas de que prefeitos que perderam as eleições não estariam dando apoio necessário à Operação.
Por
parte dos proprietários de caminhões-pipas, a reclamação é com relação
ao não pagamento pelos serviços prestados. Isso estariam ocorrendo em
Amontada, Poranga, Acarape, Redenção, Mulungu, Pacoti e Baixio. O
coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Sílvio Gilberto Tavares
Araújo, explicou que há trâmites legais que impedem a pronta liberação
do dinheiro. No entanto, lembrou que a burocracia não tem sido
impedimento para se realizar o trabalho emergencial, contando-se até com
a compreensão dos proprietários dos veículos. Coronel Tavares disse que
as causas que preponderam no desabastecimento ainda são a queda nos
níveis de reservas dos açudes e a precária infraestrutura dos
equipamentos, como as estradas vicinais e até mesmo pela existência de
cisternas e tubulações antigas.
Exército
A
10ª Região Militar informou que já são 94 os municípios cearenses
inscritos no Programa Emergencial de Distribuição de Água - Operação
Pipa, com uma população atendida de 729.236 pessoas e 692 carros-pipas.
Em
2012, devido à estiagem prolongada, houve aumento do número de
municípios atendidos e, dentro de cada município, aumento do número de
comunidades. Em junho último, a população abastecida, no Ceará,
correspondia a 504.052 (quinhentas e 4.552 pessoas, em 80 municípios. O
trabalho executado pelo Exército na Operação Carro-Pipa consiste em
garantir que seja entregue água potável (para beber e cozinhar) à
população atendida. Durante este período de seca, alguns pontos de
abastecimento (locais de captação de água) tornaram-se impróprios para o
consumo humano, o que, geralmente, exigiu aumento nas distâncias de
transporte da água até a comunidade.
Seca aflige os Sertões dos Inhamuns
Crateús
As populações dos dois maiores municípios desta região do Estado,
Crateús e Tauá estão convivendo com a ameaça de um colapso no
abastecimento d´água feito pela Cagece, ocasionado pela estiagem que
castiga o Nordeste neste ano. Os reservatórios que abastecem as cidades -
Carnaubal e Tricy - estão secando rapidamente, dado o tempo quente e
seco e a demanda elevada por água, fatores que contribuem para a redução
do nível dos reservatórios.
Em fazendas de municípios como Brejo Santo, no Cariri, carcaças de
gado morto pela falta de água e de pasto se acumulam, provocando
prejuízos ainda não calculados pelos produtores rurais da região
Assim, quase 100 mil pessoas (juntando as duas populações) encontram-se
em vias de se ver sem água para as suas necessidades diárias. Muitas
comunidades, especialmente rurais, dependem desde o segundo trimestre do
ano, dos carros-pipas. Mas os reservatórios estão bem abaixo da
capacidade, o que preocupa autoridades e população. Essas temem um
colapso até nos abastecimentos por meio de carros-pipas. A expectativa é
que a quadra invernosa de 2013 comece mais cedo e seja bem diferente
deste ano.
Outra comunidade que está sofrendo com a seca, são os
moradores do distrito de Canadá, na cidade de Redenção. O morador
Raimundo Ferreira disse que a escola local está prestes a fechar por não
ter água para as crianças. "Trabalho na única escola da comunidade que,
infelizmente, terá que fechar porque as crianças não podem ir para o
colégio que não tem água". Ele disse que o carro-pipa ainda não chegou
por lá. "Não temos de onde pegar água boa para beber. Precisamos de
ajuda urgente".
A crise afeta drasticamente a pecuária na zona
rural. Em muitos municípios, os produtores amargam prejuízos ainda nçao
contabilizados. Em fazendas de municípios como Brejo Santo, no Cariri,
as carcaças do gado se espalham pela terra seca .
A barragem do
Tricy, responsável pelo fornecimento de água para a Cagece, em Tauá,
acumula um volume atual de 4,1 milhões de metros cúbicos. O volume
representa um terço da capacidade total do reservatório, que é de 16,3
milhões. A barragem em si já não é o suficiente para abastecer o
município, que carece de uma adutora. E com a falta de chuvas, a
situação ficou ainda mais difícil. Vários bairros da sede da cidade
sofrem com a falta de água. Um dos projetos para garantir segurança
hídrica para Tauá é a adutora do Açude Arneiroz II para Tauá.
A
Cagece por sua vez, está realizando obras de troca de tubulação em
vários pontos da cidade para possibilitar maior pressão na rede de
distribuição e permitir que a água chegue aos bairros mais altos, foco
do maior número de reclamações feitas pelos consumidores.
Já o
reservatório Carnaubal, que abastece Crateús possui capacidade para
armazenar 87, 6 milhões de metros cúbicos e está atualmente com apenas
14% de sua capacidade. Ou seja, com aproximadamente 12,3 milhões de
metros cúbicos, volume que garante segurança hídrica para o Município
somente até fevereiro do ano que vem.
Preocupação
"Estamos
preocupados com a situação, que é muito grave e dependemos do período
chuvoso de 2013. A nossa garantia hídrica é até fevereiro. Se chover
antes disso para repor a água, estamos garantidos. Se não, a situação
tende a se agravar bastante aqui em Crateús", ressalta Teobaldo Marques,
sub-secretário de agricultura do Município.
Cerca de 17 mil
pessoas na zona rural de Crateús estão sendo beneficiadas com a
distribuição de água pela Operação Pipa, que leva o líquido a 201
localidades, em 15 caminhões diariamente.
De acordo com Marques, a
Operação funciona normalmente no Município. A preocupação é com a água,
que a cada dia se torna mais escassa e o consumo aumenta porque com o
tempo quente e seco poços e cacimbões vão secando e muitas comunidades
ficam dependendo somente da água dos carros-pipas.
Fonte: Diário do Nordeste
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