Mais água com aumento de 30% nos carros-pipa
Ainda no rol de ações estão a recuperação e novas perfurações de poços e a construção de mais cisternas na região
Em
sua primeira visita ao Ceará neste ano, a presidente Dilma Rousseff
admitiu que os investimentos já feitos pelo governo federal não
produziram os resultados esperados no combate à seca no semiárido, que
já é a maior dos últimos 50 anos. Mas, ao fazer esta mea culpa, a chefe
do Executivo federal anunciou um novo pacote de ações que surpreendeu os
governadores nordestinos, presentes em Fortaleza, apresentando
benefícios além do que vinha sendo reivindicado. Serão, a partir de
agora, investidos R$ 9 bilhões pela União na mitigação dos efeitos da
estiagem. E, garantiu que todas as perdas serão recompostas em um curto
prazo.
Esta foi a 3ª reunião de governadores, em um ano, em que a seca foi prioridade Foto: Waleska Santiago
Anfitrião
do evento, o governador Cid Gomes se mostrou impressionado com o
pacote: "das reivindicações daqui, praticamente todas foram atendidas, e
atendidas num grau de intensidade até maior do que nós demandávamos",
assinalou.
Esta foi a terceira reunião de governadores, em um
ano, em que a questão da seca foi tratada como prioritária. No encontro
de ontem, a presidente disse reafirmar "a parceria incondicional do
governo federal com a população nordestina". "Em razão desse
compromisso, nós do governo federal não poupamos nem esforços nem
recursos para minorar o impacto e os efeitos da seca sobre as populações
atingidas por ela", defendeu.
Do ano passado até o momento,
foram desembolsados pelo governo federal R$ 7,6 bilhões nas ações contra
os efeitos da estiagem. De acordo com a presidente, apesar desse
investimento não ter atingido os objetivos esperados, produziu um
"resultado inequívoco", junto com outras políticas sociais do governo,
de impedir que se repetisse o quadro de saques em comércios locais, de
êxodo rural e fome, comuns em secas anteriores. "No que se refere à
população, nós fomos bem sucedidos".Já a principal falha apontada diz respeito à sustentabilidade dos
rebanhos. A falta de comida para o gado fez com que grande parte destes
rebanhos morresse na região. As ações, portanto, darão reforço nesta
esfera produtiva. "Nós sabemos também que devemos não só prorrogar as
medidas, mas ampliá-las, introduzir outras e intensificá-las pelo fato
de que todas as avaliações - e vai ser feita avaliação aqui sobre as
perspectivas para os próximos meses - é que ainda nós teremos um período
de estiagem e as chuvas não vão voltar a cair com a intensidade
necessária para a recuperação da atividade produtiva aqui na região",
analisou Rousseff.
Medidas
Uma das
principais demandas dos governadores era de que não houvesse uma quebra
na oferta do benefício Garantia Safra, já que o programa de 2012
acabaria em março e o pagamento do de 2013 só teria início em julho
próximo.
Dilma assegurou que o programa, que garante de R$ 140 a
R$ 155 mensais por família, a partir de agora, será contínuo, até
enquanto perdurarem os efeitos da seca. Também desta forma será o Bolsa
Estiagem, que permite um benefício de R$ 80 por família, e que terá
incorporados mais 361,5 mil beneficiários. Somente no Ceará, 400 mil
famílias são contempladas com os dois programas do governo federal.
Dilma assegurou que o programa que garante de R$ 140 a R$ 155
mensais por família continuará enquanto perdurarem os efeitos da seca
Dilma também anunciou como medida
emergencial o aumento da oferta de água na região, através da ampliação
em 30% do número de carros-pipa, que passam a 4.746 para 6.170, de
recuperação e novas perfurações de poços, construção de mais cisternas
na região (para consumo humano e para produção) e reequipamento do
Exército, cuja ação na logística dos carros-pipa foi destacada pela
presidente, não só pela eficiência, mas por evitar que fosse feito uso
político da ação.
"As cisternas de produção são estratégicas
nesse momento, que vamos ter de iniciar dois processos, que é salvar os
rebanhos existentes e nos preparar para ter de fato uma estrutura mais
robusta para não ter a cada seca uma perda de rebanhos como houve desta
vez".
Tecnologia
A chefe do Executivo
federal defendeu a tecnologia como principal ferramenta de combate aos
efeitos da seca. Ele solicitou o apoio das universidades estaduais, dos
centros de pesquisa, da Embrapa, para ver alternativas de produção na
região. "Todos sabem que, nos últimos dez anos, o Nordeste cresceu muito
mais do que o Brasil e que nós não podemos nos dar ao luxo de investir
recursos aqui e deixar que eles escorram pelo ralo quando houver seca. A
seca é uma realidade, assim como os países das zonas frias convivem com
o inverno. Nós vamos conviver com a seca, mas conviver com capacidade
de superá-la, preveni-la e superá-la".
Fonte: Diário do Nordeste
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